segunda-feira, 10 de maio de 2010

Descrição pioneira de novas espécies de plantas em periódico que não tem versão impressa rompe com regra tradicional da nomenclatura botânica


A 'Solanum sanchez-vegae', endêmica do norte do Peru, é uma das quatro espécies vegetais descritas em um periódico on-line (foto: A. Cano - PLoS One). 

O mundo da botânica ganhou esta semana a descrição de quatro novas espécies do gênero Solanum. O artigo assinado por Sandra Knapp, do Museu de História Natural de Londres, passaria despercebido dentre as milhares de novas espécies vegetais descritas todo ano, não fosse por um detalhe: é o primeiro a ser publicado em um periódico que circula apenas em meio eletrônico – a revista PLoS One.
A nomeação das novas espécies de plantas é regida pelo centenário Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN, na sigla em inglês). De acordo com o artigo 29 do código, só são aceitos nomes propostos em artigos publicados em meio impresso, que possam ser fisicamente arquivados nas bibliotecas de jardins botânicos, museus e instituições de pesquisa.
A solução proposta para contornar essa restrição foi relativamente simples, conforme relata Knapp no artigo da PLoS One: "Uma separata deste documento foi produzida por um método que garante várias cópias impressas idênticas, simultaneamente distribuídas a fim de fornecer um registro público e permanente". A separata foi enviada na data de publicação a 11 instituições, e a PLoS se dispõe a remetê-la a outras bibliotecas que fizerem uma solicitação formal.
A flexibilização das vetustas regras de nomenclatura botânica chega em boa hora. A mudança é um reflexo das mudanças estruturais que a internet tem provocado na circulação do conhecimento e, em especial, na publicação científica. Um número cada vez maior de periódicos circula apenas em formato eletrônico – como as publicações do grupo PLoS (sigla em inglês para Biblioteca Pública de Ciência), que existem desde 2003 e são abertas ao público (ao contrário de muitas revistas científicas).
"O código vai evoluir e se adaptar às necessidades em mutação dos cientistas", afirma Sandra Knapp em comunicado distribuído à imprensa. A botânica terá provavelmente um papel central na viabilização dessas mudanças: ela presidirá o grupo de trabalho sobre nomenclatura do próximo Congresso Internacional de Botânica, a ser realizado em 2011 em Melbourne, Austrália – ocasião em que as regras do ICBN podem ser revistas.

As novas plantas
O artigo pioneiro de Knapp descreve quatro novas espécies de solanáceas, como são chamadas s integrantes do gênero Solanum. Esse é um dos gêneros mais abundantes do reino vegetal, com cerca de 1.500 espécies catalogadas, inclusive o tomate e a batata.
As novas espécies foram todas descobertas na América tropical. A Solanum aspersum é encontrada na Colômbia e no Equador; a S. luculentum, na Colômbia e na Venezuela; a S. sanchez-vegae, no norte do Peru; e a S. sousae, no sul do México.
Os dados sobre as espécies recém-descritas também estão disponíveis no Solanaceae Source, grande banco de dados on-line sobre as plantas do gênero Solanum.
 
Fonte:
Sinal dos Tempos
Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line

Um comentário:

  1. Pra quem não lembra, Solanum é o gênero da:

    Batata (Solanum tuberosum)

    Tomate (Solanum lycopersicum)

    Berinjela (Solanum melongena)

    ResponderExcluir