sexta-feira, 19 de março de 2010

PACIENTES COM PROBLEMAS CARDÍACOS EM USO DE FITOTERÁPICOS PODEM ESTAR CORRENDO RISCO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS


A cada dia mais americanos estão recorrendo a fitoterapia como auxiliar no tratamento de doenças crônicas ou manutenção da saúde. Entretanto, muito dos fitoterápicos populares hoje em dia como Hipérico, Ginco e o alho e toranja podem representar sérios riscos para pacientes em uso de medicamentos para tratamento de doenças cardíacas, de acordo com um artigo de revisão publicado em fevereiro no Journal of American College of Cardiology.

O uso destes produtos é especialmente observado entre os pacientes idosos que apresentam co-morbidades, tomam um número elevado de medicamentos e já estão susceptíveis a hemorragias, segundo os autores.

“Muitas pessoas tem a falsa sensação de segurança em relação a estes produtos à base de plantas porque elas são vistas como naturais”, Arshad Jahangir, MD, professor de medicina e Consultor Cardiologista, Clínica Mayo do Arizona, que ainda acrescenta que estima-se que mais de 15 milhões de americanos fazem uso de fitoterápicos e ou de altas doses de vitaminas.


“Mas ‘natural’ não significa que eles são seguros. Todo composto que consumimos tem algum efeito sobre o corpo.”

Além dos seus efeitos diretos sobre o funcionamento do corpo, estas plantas medicinais podem interagir com medicações usadas no tratamento de doenças cardíacas, seja reduzindo sua eficácia ou aumentando sua potência, podendo levar a hemorragias ou a um maior risco de arritmias cardíacas.
Segundo Dr. Jahangir “Nós observamos algumas interações entre fitoterápicos e drogas sintéticas/produtos naturais – alguns dos quais, podem ser fatais – através de testes com enzimas para coagulação sanguínea, enzimas hepáticas, com alguns medicamentos e no eletrocardiograma”.

Segundo o artigo, a maior preocupação é causada pelo fato dos pacientes não informarem o uso destas plantas, bem como, dos prestadores de saúde freqüentemente não questionarem os pacientes sobre o uso de fitoterápicos. Além disso, porque essas ervas são consideradas pela FDA como produtos alimentares, não estando sujeitas ao mesmo controle e regulação de medicamentos tradicionais.

"Se os pacientes estão insatisfeitos com seu tratamento atual, muitos se voltarão para as ervas porque acreditam que estes medicamentos podem ajudá-los a gerenciar as condições crônicas ou melhorar a saúde e prevenir doenças futuras", disse Jahangir. "Na verdade, os pacientes estão dispostos a gastar quase o mesmo ou até mais em despesas fora do orçamento com fitoterapia do que com os tratamentos convencionais.

Duas pesquisas nacionais realizadas em 1990 e 1997 constataram que o número de visitas aos prestadores de tratamentos complementares e alternativos aumentaram de 427 para 629 milhões, enquanto o número de visitas a médicos de cuidados primários permaneceu basicamente inalterado.
Alguns exemplos de plantas medicinais e efeitos adversos  que podem ocorrer no uso concomitante com tratamento convencional para doenças cardíacas: 


Erva de São João ou hipérico (Hipericum perforatum)


Normalmente utilizada para tratar depressão, ansiedade e distúrbios do sono, entre outros problemas, reduz a eficácia de alguns medicamentos contribuindo para as recorrências da arritmia, hipertensão arterial ou aumento dos níveis de colesterol do sangue e o risco de problemas cardíacos no futuro.





Ginco (Ginkgo biloba)


Utilizada para melhorar a circulação sanguínea ou desordens cérebro-vasculares, aumenta o risco de hemorragias nos doentes que fazem uso de varfarina ou aspirina.





Alho (Allium sativum)


Ajuda a melhorar a resposta do sistema imunológico e é comumente utilizado para reduzir colesterol e pressão arterial, também podem aumentar o risco de sangramento entre aqueles que tomam varfarina.


 Estrutura química da varfarina



Além de destacar plantas medicinais usadas e as potenciais interações com medicamentos para tratamento de doenças cardiovasculares, a presente revisão também descreve os passos para melhorar a sua utilização segura e a redução de danos entre os pacientes com doença cardíaca.

"Estas ervas têm sido usadas durante séculos - muito antes de medicamentos cardiovasculares de hoje - e, embora possam ter efeitos benéficos precisam ser estudadas cientificamente para melhor definir a sua utilidade e, sobretudo, identificar o seu potencial de dano, quando tomado com medicamentos que tem comprovado benefício para pacientes com doenças cardiovasculares ", disse Jahangir. "Pacientes, médicos, farmacêuticos e outros profissionais de saúde precisam saber sobre o dano potencial destas ervas podem ter."

Além de uma maior educação pública sobre os riscos de usar produtos à base de plantas, pacientes e médicos precisam ativamente discutir o uso de suplementos alimentares e produtos à base de plantas, em adição aos medicamentos prescritos.



Fonte: ScienceDaily (Fev. 3, 2010)

Artigo completo: clique aqui
Ara Tachjian, MD, Viqar Maria, MBBS, Arshad Jahangir, MD. Use of Herbal Products and Potential Interactions in Patients With Cardiovascular Diseases. Journal of the American College of Cardiology, Vol. 55, No. 6, 2010.

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